Pizzarias apostam no drive-thru para reduzir custos e agilizar atendimento

A busca por praticidade no consumo fora de casa tem levado o setor de alimentação a rever seus formatos de atendimento. Inspiradas por modelos já consolidados no fast food, redes de pizzarias começam a adotar o sistema de drive-thru, oferecendo uma alternativa rápida, conveniente e eficiente para o consumidor que quer fugir das filas ou da espera em casa por uma pizza.

Embora o drive-thru esteja tradicionalmente associado a hambúrgueres e lanchonetes, esse modelo vem ganhando espaço entre as pizzarias que buscam diversificar seus canais de venda e atrair um público cada vez mais atento à experiência de compra.

A proposta atende a uma demanda em expansão: a busca por agilidade no serviço, controle do tempo e menos intermediação no processo de retirada. Esse movimento de inovação está alinhado às mudanças no comportamento de consumo observadas nos últimos anos.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), mais de 60% dos consumidores preferem estabelecimentos que ofereçam retirada rápida ou delivery.

Já um levantamento da Euromonitor International mostra que o modelo de take away (para viagem) cresceu 23% nos últimos dois anos, impulsionado tanto pela pandemia quanto pela consolidação de novos hábitos que priorizam tempo e comodidade.

A adoção do drive-thru não só atende a essa nova demanda, como também oferece vantagens operacionais. O modelo reduz a dependência de entregadores, permite maior controle logístico e elimina variáveis comuns às plataformas de entrega, como atrasos e pedidos mal transportados. Além disso, fortalece a relação direta entre marca e consumidor.

Para Giuliano Souza, especialista em varejo com foco nos setores de food service e supermercados, o drive-thru nas pizzarias é um passo natural na evolução do varejo alimentar.

“O consumidor atual valoriza conveniência e controle do tempo, e isso não se limita ao fast food. Esse modelo reduz barreiras de compra e amplia os canais de relacionamento com o cliente, algo essencial em um mercado altamente competitivo como o de pizzas em São Paulo”, diz.

Souza considera ainda que as pizzarias que investem em drive-thru estão, na prática, se aproximando da lógica omnicanal: oferecem mais de uma forma de compra, aumentam a recorrência e criam diferenciais competitivos em um setor no qual o produto - a pizza - é quase universal.

Em operação

Entre as redes que já colhem resultados com essa aposta está a franquia Bella Capri. Fundada em 1998 em Mirassol, no interior de São Paulo, a marca incorporou o drive-thru como um diferencial competitivo. Hoje, o modelo já está presente em diversas unidades da rede, inclusive a loja de São Paulo, na Vila Mariana, inaugurada em janeiro deste ano.

“No drive-thru, o cliente é atendido sem sair do carro. Desde a abertura de massa até a embalagem, a pizza fica pronta em cerca de 10 minutos”, afirma Guto Covizzi, diretor de expansão da Bella Capri.

Com 55 unidades em operação, sendo 15 com o serviço de drive-thru, a rede tem um faturamento de R$ 67 milhões registrado em 2024. A Bella Capri tem planos ambiciosos: alcançar 100 lojas até 2027, com foco de atuação para os estados de São Paulo e Minas Gerais e nas regiões Centro-Oeste e Sul.

“Até o final de 2026, projetamos ter 20 operações e um faturamento de R$ 35 milhões apenas na capital. O drive-thru, do ponto de vista de negócio, é mais um canal de venda rápida para a Bella Capri. Em um mundo cada vez mais digital e impessoal, as pessoas continuam buscando conexões humanas e significativas”, destaca Covizzi.

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A inovação, no entanto, vai além da estrutura física. A Bella Capri também investiu em tecnologia digital, com o desenvolvimento de um aplicativo próprio. A plataforma oferece cashback, promoções e acompanhamento em tempo real da experiência do cliente.

Um sistema de inteligência artificial identifica automaticamente clientes insatisfeitos e aciona atendimento humano para resolver eventuais problemas de forma ágil e personalizada.

Na pizzaria Buena Pizza, na zona sul da capital, o proprietário Leonel Cardoso conta que teve a ideia de abrir o drive-thru porque tinha um espaço de estacionamento bem grande e que não enchia totalmente. “Diminuímos um espaço para fazer a entrada do drive-thru como mais uma opção para nossos clientes. Não achei que ia fazer tanto sucesso. Tem sido bem aceito por nossos clientes.”

Cardoso revela que 30% de seu faturamento hoje vêm de pedidos com retirada pelo drive-thru, outros 50% pelo telefone e 20% no presencial. “Para o cliente, sai mais barato porque não tem a taxa de entrega. Para nós, foi um acréscimo importante.”

Setor

De acordo com dados da Associação Pizzarias Unidas do Brasil (Apubra), o número de estabelecimentos em operação aumentou 7,25% em 2024 em relação ao ano anterior, reflexo da maturação em praças já consolidadas e da exploração de mercados emergentes.

O Sudeste concentra 51% das pizzarias do país, sendo 63,9% delas em São Paulo. Com 11.933 pizzarias ativas, o estado de São Paulo preserva o protagonismo no mercado, responsável por 32,6% do total e pela produção de 823 mil pizzas por dia — o equivalente a 572 unidades por minuto e 24,7 milhões por mês.

A capital paulista mantém o título de “Capital Nacional da Pizza”, reunindo 4.561 estabelecimentos, ou 38,2% do total estadual.

Para Leandro Goulart, presidente da Apubra, esses números mostram um mercado altamente competitivo, mas também promissor. “O estado paulista reúne não apenas o maior volume de pizzarias do Brasil, mas também uma das conjunturas mais competitivas do setor. Essa combinação torna o mercado desafiador, mas também cheio de potencialidades para quem consegue se diferenciar pela gestão eficiente, pela qualidade do produto e pela inovação”, afirma.

Ainda no estado, o crescimento percentual foi modesto - 2,8% -, mas o volume absoluto de inaugurações lidera o ranking nacional, com 1.135 novas pizzarias abertas em 2024.

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IMAGEM: Bella Capri/divulgação